A viabilidade da impressão em 3D na arquitetura - passou por uma mudança sísmica nos últimos anos. Geralmente rebaixados a protótipos ou modelos conceituais, os projetos de construção impressos em 3D estão cada vez mais atualizados com os projetos físicos. Em 2013, a WinSun, uma empresa chinesa - conseguiu imprimir 10 casas em um período de 24 horas, tornando-se uma das primeiras empresas a obter esse resultado ao usar a tecnologia de impressão 3D. Mais recentemente, em 2018, uma família na França tornou-se a primeira no mundo a morar em uma casa impressa em 3D. A cidade de Dubai também pretende que um quarto de seus prédios sejam impressos até 2025. Esses exemplos indicam a ascensão dessa tecnologia e com o passar dos anos, é possível que a automação na fabricação de edifícios seja uniforme e mais integrada ao processo de construção.
Uma área que está cada vez mais sendo abordada pela impressão 3D, são as habitações de interesse social. Custos mais curtos a longo prazo, a rápida impressão de fechamentos e uma menor margem de erro foram identificados como vantagens dos edifícios impressos em 3D. Vantagens que são essenciais para criar habitações verdadeiramente de baixo custo, que não comprometam a boa arquitetura.
No entanto, as habitações de interesse social sofrem muitas vezes, problemas de identidade. Allison Arieff, diretora de comunicações da empresa de plataforma de dados corporativos REPLICA, escreveu sobre um complexo habitacional perto de sua casa em San Francisco. Um complexo habitacional a preços acessíveis, que ela descreve como um conjunto de cores monótonas e uma abordagem estética deplorável. A casa de baixo custo de impressão 3D não deve repetir esses erros, assim como não pode sacrificar a boa arquitetura, por conta de ganhos obtidos na redução de custos ou na velocidade de construção.
O encorajador é que os projetos de habitação de interesse social impressos em 3D recentemente, possibilitaram uma reconfortante harmonia estética na composição. A empresa de tecnologia de construção ICON e a organização sem fins lucrativos New Story, revelaram em 2019 seus projetos para duas casas na cidade de Tabasco, no sul do México. O projeto é voltado para famílias que vivem abaixo da linha de pobreza, e o conjunto mais tarde se tornará uma comunidade de 50 moradias.
A arquitetura resultante está longe do que se esperaria tradicionalmente de casas impressas em 3D, também conhecida como manufatura aditiva. Longe de monótonos volumes e formas com pouca identidade, os projetos - que contaram com a contribuição do designer Yves Béhar - são espaços genuinamente acolhedores e encantadores.
As casas foram impressas a partir de uma mistura de concreto local, dando às superfícies uma aparência texturizada e esbranquiçada. A laje de cimento pode funcionar como um pátio, e os blocos de venezianas acima das janelas permitem a ventilação - mas também funcionam como um elemento decorativo para as fachadas. A tecnologia de impressão utilizada é a impressora “Vulcron II”, especificamente projetada para os desafios de impressão em áreas rurais com recursos limitados. O equipamento é uma resposta às perguntas que surgiram sobre a impressão 3D, de forma que pode ser utilizada em contextos diferentes e desafiadores - mas ainda com projetos esteticamente agradáveis.
O debate sobre a estética arquitetônica é um campo complicado de navegar. No entanto, a direção que as habitações de interesse social, impressas em 3D precisam seguir, é aquela que cria residências que não são homogêneas e são esteticamente interessantes. Existem numerosos exemplos na construção tradicional. O trabalho sensível das casas de veraneio de Peter Barber no Reino Unido, por exemplo, é um excelente modelo de como as casas de veraneio não precisam comprometer um bom design. À medida que a manufatura aditiva ganha popularidade como uma ferramenta de construção, as habitações de baixo custo não devem, de forma alguma, comprometer a composição de seu projeto, buscando aproveitar ao máximo desta inovação tecnológica.
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